O que é artrose?
A forma mais conhecida de nomear esta doença é artrose, mas também pode ser chamada de osteoartrose ou doença articular degenerativa, sendo o termo técnico mais adequado osteoatrite (OA). Ela se caracteriza por desgaste da articulação ou junta (junção entre dois ossos), culminando com alterações na cartilagem, surgimento de osteófitos (alterações ósseas conhecidas popularmente como “bico de papagaio”), esclerose subcondral (endurecimento” do osso abaixo da cartilagem desgastada) e redução do espaço articular (espaço entre os ossos). Essas alterações ocorrem em algum grau naturalmente com todos durante o envelhecimento, porém, quando elas causam SINTOMAS, ou seja, algum incômodo, sendo o mais comum DOR, temos a artrose/ osteoatrite.



Artrose, osteoartrose, osteoartrite, são o mesmo que artrite?
Artrose é o mesmo que osteoartrose ou osteoartrite, mas é diferente de quando nos referimos a artrite.
Por muito tempo acreditava-se que a artrose era apenas o desgaste ou degeneração das estruturas articulares. No entanto, mais recentemente elucidou-se que, em paralelo à ocorrência desse desgaste, ocorre também um grau de inflamação na articulação, sendo essa totalmente interligada com a própria degeneração que ocorre! Por este motivo o termo OSTEOARTRITE passou a ser o mais adequado (o sufixo “ite” quer dizer inflamação).
Já quando nos referimos a artrite, estamos mais comumente mencionando um sintoma (inflamação articular propriamente dita) ou uma doença em que esse sintoma seja predominante (ex: artrite reumatoide, artrite psoriásica).
Clique abaixo para saber mais sobre a diferença entre ARTRITE x ARTROSE:
Como e por que ocorre a artrose?
As articulações ou juntas tem a função de permitir aos ossos do esqueleto, e portanto, ao corpo, o movimento. Dessa forma, a atividade articular dentro dos limites saudáveis é não só inerente à sua função, como necessária para sua manutenção. Assim, um repouso ou inatividade excessiva leva a algum grau de atrofia, sendo prejudicial por sobrecarregar a cartilagem e as demais estruturas da articulação. De outra forma, uma atividade repetitiva também pode exceder a capacidade que a junta tem de se proteger (o que ocorre por meio dos tecidos que fazem sua sustentação: músculos, ligamentos, tendões, cápsulas), fazendo com que a cartilagem receba forças excessivas para as quais não está preparada para absorver.
Em resumo: uma articulação em que ocorra desbalanço entre sua capacidade de amortecer impactos e as cargas que recebe, irá desenvolver artrose, seja porque sua capacidade está baixa (fraqueza das estruturas de sustentação- músculos, ligamentos, tendões, cápsulas, por inatividade p ex) ou alto impacto (ex: excesso de movimentos repetitivos e/ou carga pesada).
Quais os sintomas causados pela artrose?
Os principais sintomas da artrose são:
- Dor crônica (duradoura) na articulação acometida, podendo ter momentos de piora/ crises
- Aumento da sensibilidade e às vezes de calor locais
- Inchaço no local
- Limitação ou dificuldade para movimentos (perda de amplitude)
- Ranger de ossos e ligamentos (crepitações)
- Deformidade (em geral nos casos de maior duração e sem tratamento adequado)


Artrose é comum?
A artrose ou osteoartrite é responsável por 30 a 50% das consultas com um reumatologista! Portanto dos “reumatismos” é a doença mais frequente.
Clique aqui para saber mais sobre os diversos tipos de REUMATISMOS
Para se ter uma ideia da importância e impacto dessa doença: dados da Previdência Social no Brasil apontam que 7,5% de todos os afastamentos do trabalho são relacionados a artrose, ela é a segunda causa de auxílio-doença e a quarta causa de aposentadoria no nosso país.
Quem pode ter artrose?
Esta doença acomete tanto homens quanto mulheres. Sua ocorrência aumenta com a idade, sendo que após os 75 anos, cerca de 85% das pessoas vão apresentar alterações de artrose em radiografias, no entanto, apenas de 30 a 50% dessas pessoas vão ter queixas relacionadas a essas alterações.
Fatores de maior risco para desenvolver artrose:
- Idade (quanto mais avançada, maior a chance)
- Sexo (cada sexo tem locais mais comuns, conforme abaixo)
- Genética (propensão a desenvolver)
- Obesidade (quanto maior o peso, maior a chance)
- Fraqueza muscular (quanto mais fraco o sustento das articulações, maior risco)
- Mau alinhamento (em casos de deformidades, pode ser maior o desgaste, e quanto mais desgaste, mais deformidade pode ocorrer)
- Lesões articulares (lesão prévia acelera o desgaste)
- Atividade ocupacional (quando se “força” mais uma articulação com pouco preparo)
Em que locais do corpo a artrose pode ocorrer?

Em mulheres é mais comum que a artrose ocorra nos dedos das mãos e nos joelhos, e nos homens no quadril, mas qualquer pessoa pode ter em um ou mais locais abaixo:
Principais locais onde pode ocorrer artrose:
- Coluna (cervical e lombar)
- Quadris
- Mãos
- Joelhos
- Ombros
- Pés
- Tornozelos
- Punhos
- Articulação temporomandibular
Artrose “controlada” e ainda dói?
Em muitas ocasiões, é comum o paciente que sofre de artrose se queixar de que algum médico avaliou seu quadro atual, muitas vezes inclusive com base em exames de imagem e disse estar “controlada” ou até “estacionada”, porém, o paciente mantém dores e dificuldades com aquela articulação. Nesses casos, o mais frequente de ocorrer são associações entre a artrose em si e variados reumatismos de partes moles. Esses são acometimentos bem comuns dos tecidos que também participam da estrutura articular (tendões, ligamentos, bursas) que juntamente com a cartilagem articular costumam estar afetados nos quadros de artrose, e por este motivo requerem igualmente atenção, com tratamento seja em conjunto (ex: na reabilitação), seja específico (ex: infiltrações).
Quais são as causas de artrose?
A artrose pode ser dividida em sem causa conhecida (artrose primária) ou com causa conhecida (artrose secundária). As causas conhecidas são inúmeras:
- hereditária (herança genética),
- lesões prévias (ex: traumas em meniscos, ligamentos),
- doenças articulares (ex: artrite reumatoide, gota),
- ocupacionais (ex: exposição ocupacional a vibrações de maquinário pesado),
- posturas inadequadas com cargas pesadas e movimentos repetitivos
- alterações do metabolismo (ex: neuropatia diabética)
Como prevenir a artrose?
O melhor para se evitar a artrose é o controle dos fatores que aumentam o risco de se acelerar o desgaste das articulações. São medidas práticas para isso:
- Controlar o peso corporal para evitar sobrecarrega das articulações
- Evitar movimentos bruscos, repetitivos e com altas cargas de maneira prolongada
- Prestar atenção à postura corporal (medidas de ergonomia)
- Praticar de forma regular exercícios de fortalecimento muscular e condicionamento físico

Como é feito o diagnóstico de artrose?
O diagnóstico de artrose é CLÍNICO, através da avaliação médica do conjunto de:
- Histórico do paciente e da família
- Características dos sintomas presentes
- Exame físico
- Exames de imagem *quando necessários para afastar outras causas e determinar o grau do acometimento*

Artrose tem tratamento?
O tratamento da artrose é necessário para proporcionar alívio de dores e outros sintomas, promover a capacidade, mantendo a funcionalidade e evitar sequelas e limitações.
Os fundamentos do tratamento da artrose, diferente de outras doenças, não são com base em medicações. São um conjunto de ações, que se iniciam com a educação do paciente sobre sua condição, e em especial, o fortalecimento e condicionamento das estruturas que sustentam aquela articulação, também o controle de peso, bem como medidas de proteção articular e conservação de energia. Esse conjunto de ações proporcionará proteção da cartilagem e de todos os demais componentes daquela junta, mantendo seu alinhamento, congruência e função. Isso será possível através da correta execução de exercícios adequados àquele caso (perceba que não é simplesmente se exercitar, mas de que modo, e através de qual exercício, em determinada intensidade e progressão, definidos com auxílio profissional).

Educação do paciente
É comprovado que, munir os pacientes com informações que visam capacitá-los a compreenderem melhor sua condição, a adotarem práticas que melhorem sua qualidade de vida e a se envolverem ativamente em seu tratamento é um passo fundamental para o tratamento da artrose. Entender sobre a sua condição, combatendo mitos e crenças limitantes, bem como incentivando um auto-conhecimento de seus sintomas com a perspectiva de interpretá-los com base em informações seguras. Isso envolve a educação continuada nas consultas, possibilitando o paciente a tirar suas dúvidas, fomento à participação em grupos para troca de experiências e suporte emocional, estímulo ao acesso a materiais educativos de fontes confiáveis como a Sociedade Brasileira de Reumatologia, e sites educativos como este e desencorajar a realizar tratamentos com potencial de dano ou comprovadamente ineficazes.
Quais exercícios são bons para artrose?
A realização dos exercícios adequados sob orientação e direcionada de forma individualizada por profissional capacitado (seja em sessões de fisioterapia, seja com educador físico preparado) traz inúmeros benefícios, tanto à saúde de forma geral, quanto no fortalecimento muscular do local afetado. Como se trata de uma doença crônica, é preciso ter em mente que os objetivos serão atingidos no médio a longo prazo, melhorando o desempenho funcional dessas articulações, aumentando sua flexibilidade, reduzindo sua rigidez e corrigindo possíveis limitações. O uso de estimuladores elétricos, luz infra- vermelha e ultrassom pode ser adjuvante para alguns casos no controle da dor, não sendo suficientes como único método na reabilitação.
Não existe um exercício que seja único para se indicar a todos os casos e em todas as fases do tratamento da artrose. A indicação depende de muitas variáveis, sendo as principais:
- o histórico do paciente,
- o local/ ou locais de acometimento da artrose,
- o nível e grau de acometimento articular,
- a presença de limitações ou deformidades,
- as preferências do paciente,
- entre outras.
A prática deverá ser regular e contínua, com constantes adaptações e ajustes ao longo do tempo.
Assim, com a soma do efeito de exercícios corretamente aplicados e de medidas de proteção articular ocorrerá: alívio da dor, prevenção ou minimização de deformidades, manutenção e/ou recuperação da funcionalidade e prevenção ou retardo da progressão.
O que são medidas de proteção articular?
Medidas de proteção articular e conservação de energia são estratégias para pessoas com dor crônica ou em potencial de risco, com objetivo de preservar a função das articulações e evitar um desgaste acentuado. Sua proposta é reduzir o estresse nas articulações, a fim de se reduzirem a dor, a inflamação e a sobrecarga, melhorando a eficiência e o desempenho nas atividades diárias.
Essas medidas em conjunto propõem:

- maior distribuição do peso (ex: usar ambas alças de uma mochila, segurar uma panela com 2 alças),
- usar articulações maiores (ex: uso do ombro em vez das mãos para abrir uma porta pesada),
- lançar mão de ferramentas adequadas (ex: utensilhos de cozinha com cabos largos)
- adotar técnicas de levantamento adequadas (ex: erguer um objeto do chão usando a força dos quadris e joelhos, em vez de somente dobrar a coluna)
- uso de órteses e suportes (ex: bengalas para quem precisa)
- planejar e priorizar atividades (ex: distribuir tarefas mais exigentes ao longo do dia)
- praticar pausas frequentes (ex: intervalos de pausa no trabalho repetitivo)
- organizar o ambiente (ex: manter itens de uso frequente ao alcance)
- usar equipamentos de assistência (ex: carrinhos, varais de roupa com altura ajustável)
Remédio para artrose

As medicações na artrose tem papel principalmente no alívio dos sintomas, em especial nos momentos de piora e de crises, sendo que até o presente momento não há evidências de drogas com capacidade de prevenir a ocorrência nem a progressão da artrose. No entanto, a correta escolha e aplicação de medicações e ações com objetivo de aliviar a dor tem papel fundamental, tanto com o objetivo de se proporcionar qualidade de vida, quanto de propiciar um conforto requerido para a execução do necessário fortalecimento e condicionamento através de exercícios. Existem medicações via oral (comprimidos, cápsulas), injetáveis (via infiltração local, ou intramuscular e até endovenosa) e via tópica (pomadas, adesivos, compressas) para essa finalidade. A escolha dessas terapias pelo médico precisa ser criteriosa e cautelosa, levando-se em consideração que, por ser uma doença crônica, e essas medicações não costumam ser adequadas por um tempo mais prolongado, se torna imperativo um uso adequado a fim de se evitarem possíveis efeitos adversos e indesejados, garantindo tanto eficácia quanto segurança.

Dieta para artrose
A única dieta que tem papel na artrose é quando considerada para perda de peso (independente da modalidade, as que levam a déficit calórico e emagrecimento). Ao se reduzir a carga sobre articulações de sustento, como principalmente joelhos, também quadris, se diminui tanto o risco de desenvolver artrose, quanto os sintomas e a progressão de uma artrose já instalada. Assim, a adequação do peso é fundamental para o tratamento, em conjunto com as medidas de fortalecimento, condicionamento e proteção articular.

Há que se ter cautela no entanto em alguns grupos específicos, em especial idosos, em que uma grande perda de peso, em especial se rápida e através de dietas muito restritivas, pode vir associada a uma perda importante de massa muscular, já comum nessa faixa etária (ex: sarcopenia). Isso tem potencial prejudicial, tanto porque aumenta mais a sobrecarga articular (lembre-se que a musculatura é dos principais pilares de sustento da articulação), quanto por dificultar o tratamento baseado no fortalecimento progressivo, que requer justamente ganho de massa muscular.
Não há evidências científicas de algum tipo de dieta específica ou consumo/ supressão de alimento ou mesmo uso de suplemento no tratamento ou prevenção da artrose. No entanto, para otimização do fortalecimento muscular necessário nesse tratamento, sabe-se que há uma necessidade de adequação do aporte de proteínas e carboidratos na dieta. Assim, o ideal é um apoio nutricional específico.
Infiltração articular na artrose
A infiltração articular é uma técnica utilizada em algumas doenças, sendo a artrose uma das principais, em que o médico injeta alguma substância no interior da articulação, com objetivo sobretudo de controle da dor. A infiltração também pode ser feita de forma peri-articular (ex: em bainhas de tendões nas tendinites, em bursas nas bursites). Costuma ser uma opção eficaz para controle da dor quando bem indicada no tratamento da artrose, sem substituir as demais medidas principais (ler acima).
Assista a esse rápido vídeo onde explico sobre infiltração articular:
Substâncias na infiltração articular:

1- Corticosteroides ou corticoides
- Objetivo: Reduzir inflamação e aliviar a dor.
- Efeito: Rápido alívio, geralmente dentro de 24 a 48 horas.
- Duração: Os efeitos podem durar de algumas semanas a alguns meses.
- Frequência: Recomenda-se limitar a 3-4 injeções por ano na mesma articulação para evitar danos aos tecidos.
2- Ácido Hialurônico:
- Objetivo: Melhorar a lubrificação da articulação e amortecer as superfícies articulares.
- Efeito: Alívio da dor e melhora na mobilidade articular, geralmente após algumas semanas.
- Duração: Os efeitos podem durar de 6 meses a um ano.
- Frequência: Pode ser repetida conforme necessário, geralmente uma vez ou 2 vezes por ano.
Benefícios da infiltração articular
- Alívio rápido da dor: especialmente com corticoides
- Melhora da mobilidade: reduz a rigidez e melhora a função articular.
- Redução da inflamação: controla a inflamação local.
- Melhora na qualidade de vida: permite aos pacientes retomar atividades diárias com menos dor.
Riscos e considerações da infiltração articular

- Infecção: risco de infecção no local da injeção, embora seja raro.
- Dor pós-injeção: algumas pessoas podem ter dor e inchaço temporários após a injeção.
- Danos articulares: uso excessivo de corticosteroides pode danificar a cartilagem e tecidos ao redor.
- Reações alérgicas: embora raras, podem ocorrer reações alérgicas aos componentes injetados.

Indicações e contraindicações da infiltração articular
Indicações:
- Pacientes com osteoartrite moderada a grave.
- Aqueles que não responderam adequadamente a outras terapias conservadoras, como medicamentos orais e fisioterapia.
Contraindicações:
- Infecção ativa na articulação ou em qualquer outra parte do corpo.
- Hipersensibilidade ou alergia conhecida aos componentes da injeção.
- Instabilidade articular significativa.
Cirurgia para artrose

Em casos em que o tratamento conservador de maneira otimizada não foi capaz de controlar a dor, deformidade e outros sintomas, a cirurgia pode ser indicada. Esse paciente será encaminhado ao cirurgião ortopedista para verificar se as condições de saúde permitem e quais as melhores indicações no seu caso. Os procedimentos mais comuns são a substituição parcial ou total da articulação por uma prótese.
https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/osteoartrite-artrose
https://oarsi.org/what-osteoarthritis
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