Dra Thaysa Simões

1- O que é osteoporose?

Osteoporose é a condição médica onde ocorre baixa massa óssea, ou seja, um “desgaste” ou redução da mineralização, densidade ou calcificação dos ossos. Em resumo: enfraquece os ossos. Ela ocorre de forma sistêmica, ou seja, no organismo como um todo. No entanto, há alguns ossos mais afetados e/ou prejudicados que outros (leia mais abaixo). O impacto dessa fragilidade óssea é um aumento do risco de FRATURAS, que podem ser espontâneas (ex: na coluna ou fêmur), ou após eventos de baixa energia, como uma queda da própria altura podendo levara fratura no quadril, um simples abraço podendo levar a fratura de costelas. Isso traz muita dor e prejudica a qualidade de vida de quem sofre. A osteoporose é a principal causa de fratura óssea após os 50 anos.

Dra Thaysa Simões é reumatologista especialista com ampla experiência em osteoporose
A Dra Thaysa Simões é reumatologista especialista com ampla experiência em osteoporose

2-  Por que ocorre a osteoporose?

Em geral ocorre em pessoas mais idosas, em especial mulheres. Após a menopausa, com a redução acelerada de hormônios femininos que-dentre outras funções- protegem o esqueleto, os ossos sofrem perda de massa óssea, podendo se tornar mais fracos e suscetíveis a fraturas (quebrar). Essa é a forma mais comum e esperada da osteoporose. No entanto, existem diversas outras causas que reduzem a qualidade dos ossos, inclusive também em homens e em pessoas mais jovens (abaixo). Os homens costumam ter uma redução mais lenta e sutil dos hormônios sexuais, e por isso costumam conservar a saúde dos ossos por mais tempo que as mulheres, mas também podem ter osteoporose.

Mulheres após a menopausa são as mais afetadas pela osteoporose
Mulheres após a menopausa são as mais afetadas pela osteoporose devido à queda hormonal

3-  Quais as causas de osteoporose?

A causa mais comum é a diminuição de hormônios que protegem os ossos, o que ocorre com as mulheres após a menopausa. Mas existem também as chamadas “causas secundárias” que levam a essa doença. As causas mais comuns são:

  • Tabagismo/ fumo
  • Uso não controlado de algumas medicações (ex: corticoides/ corticosteroides, hormônios)
  • Doenças endócrinas (diabetes, hipertireoidismo, hiperparatireoidismo)
  • Alcoolismo
  • Menopausa precoce
  • Alimentação inadequada
  • Deficiência de cálcio e/ou vitamina D
  • Sedentarismo
  • Deficiências de hormônios (ex: hipogonadismo)
  • Anorexia nervosa
  • Doenças inflamatórias ou autoimunes não controladas (ex: doença celíaca, Artrites, Lúpus)
  • Idade avançada
  • Após cirurgia (ex: retirada de ovários)
  • Doenças do fígado
  • Imobilidade prolongada
  • Terapia contra câncer de mama ou de próstata
  • Sarcopenia (baixa massa muscular)

4-  Qual a diferença de osteopenia para osteoporose?

Osteopenia seria um estágio menos avançado, quando a massa óssea começou a diminuir, porém ainda não é considerado osteoporose (baixa massa óssea que aumenta o risco de fraturas).

Esquema demonstra no lado esquerdo o que seria o osso normal, no centro osso com osteopenia e à direita osso com osteoporose

5-  Principais locais atingidos pela osteoporose:

A osteoporose é um problema sistêmico, ou seja, ocorre de forma geral nos ossos do organismo. No entanto, em alguns locais essa diminuição da qualidade dos ossos é mais provável, e acarreta mais riscos de fraturas. São eles:

  • Quadril ou colo do fêmur
  • Coluna verterbral
  • Antebraço ou rádio distal
  • Costelas
A dra Thaysa Simões é reumatologista de excelência no tratamento da osteoporose

6-  Quais sintomas da osteoporose ou o que ela acarreta?

A osteoporose em si NÃO TEM SINTOMAS! É uma doença SILENCIOSA. Porém, por deixar os ossos mais fracos, ela aumenta o risco de FRATURAS, até mesmo de ocorrência espontânea. As fraturas prejudicam a qualidade de vida pois podem acarretar em:

Ilustração representando osso normal à esquerda e osso com osteoporose e fratura à direita
  • Dor
  • Deformidades
  • Redução da altura
  • Limitação da mobilidade/ andar
  • Problemas respiratórios devido perda da capacidade do tórax de se expandir
  • Necessidade de cirurgia e seus riscos (trombose devido a imobilidade, infecções hospitalares devido internação prolongada)

O fato da osteoporose ser uma doença silenciosa é um problema de saúde pública! A população está envelhecendo, assim, cada vez mais pessoas possuem a osteoporose, inclusive SEM SABER, pois por não causar sintomas, infelizmente muitas vezes será identificada somente após instalada a sua sequela, que é a ocorrência de FRATURAS de baixo impacto ou até espontâneas.

Em mulheres acima de 45 anos, as fraturas por osteoporose são responsáveis por mais internações do que qualquer outra condição, inclusive câncer, infarto e diabetes.

Vídeo onde explico por que a Osteoporose é uma doença traiçoeira! Nem sempre o exame basta

7-  A osteoporose é comum?

É muito comum! No Brasil, estima-se que 1 em cada 3 mulheres e 1 em cada 5 homens com mais de 50 anos vão sofrer alguma fratura devido osteoporose!

No mundo existem mais de 200 milhões de pessoas com esse problema, sendo que no Brasil estão 5% dessas pessoas!

8-  Quais impactos da osteoporose?

Para o paciente, as consequências podem ser transitórias  ou permanentes (citadas no item 6 acima).

De forma coletiva, estima-se que, com o envelhecimento da população no Brasil,  o número de fraturas do quadril será mais que o dobro: passando de cerca de 80 mil casos em 2015 para 198 mil casos em 2040. Cerca de 97% das fraturas de quadril necessitam de cirurgia, sendo que, em idade avançada e por serem de grande porte, aumenta-se o risco de complicações como tromboses, infecções, e mortalidade. No ano seguinte a uma fratura de quadril, 23 a 30% dos pacientes morrem, em especial homens. Essa mortalidade se estende ainda no 2º ano (12-20%). Mais de 50% dos que sofrem fratura se tornam dependentes de cuidados, algumas vezes em tempo integral, muitos necessitarão de ambientes institucionalizados. Tudo isso eleva os custos (individuais, familiares, sociais), além de acarretar alterações psicossociais como isolamento, baixa autoestima, queda da qualidade de vida e depressão.

Imagem retirada do Manual Brasileiro de Osteoporose de 2021. Adaptada de Kerr C et al., 2017.

9-  Como saber se tenho osteoporose?

O melhor especialista para avaliar osteoporose é o Reumatologista! Durante a consulta, baseado no histórico do paciente, também de sua família, fatores de risco, estilo de vida, verificação de fraturas prévias, o reumatologista poderá indicar o exame de densitometria óssea e outros para confirmar esse diagnóstico.

É muito importante que se faça a prevenção de sequelas, com o diagnóstico precoce através do RASTREIO realizado em geral por ginecologistas, geriatras e médicos gerais, que solicitam densitometria óssea periodicamente para pacientes sob maior risco (ex: mulheres após menopausa, homens sob determinados tratamentos para câncer de próstata etc).

A dra Thaysa Simões é reumatologista com residência e doutorado pela USP na área de osteoporose
A dra Thaysa Simões é reumatologista com residência e doutorado pela USP na área de osteoporose

10-               Quais exames auxiliam a detectar osteoporose?

A densitometria óssea é o principal deles. Ela avalia a massa óssea e fornece uma comparação com pessoas saudáveis da mesma faixa etária e também mais jovens que o paciente, para se estimar o quanto de perda pode ter ocorrido. Esse exame se parece com uma radiografia, mas com mínima radiação (é seguro), e o resultado se dá através da análise de imagem de coluna vertebral e quadril (fêmur e colo de fêmur), e em alguns casos também o punho.

Além da densitometria óssea, o reumatologista precisará avaliar radiografias de coluna, uma vez que não é incomum a presença de “achatamentos” nos ossos da coluna (vértebras), que são consideradas fraturas! Esse tipo de fratura ocorre na maior parte das vezes de forma ASSINTOMÁTICA, porém algumas vezes com muita dor, ou a pessoa repara uma redução na altura que tinha em relação a quando era mais jovem. A detecção de uma fratura ou achatamento vertebral é importantíssima, mesmo quando assintomática, uma vez que, pacientes que tiveram uma fratura estão muito mais propensos a apresentarem outra (ex: de quadril, com possíveis maiores complicações), além de que essas fraturas apontam para o diagnóstico de osteoporose mesmo quando o exame de densitometria óssea falha em detectar. Por este motivo a avaliação criteriosa por um bom reumatologista é crucial.

Também é necessário avaliar alguns exames laboratoriais, em especial dosagem de cálcio e vitamina D, ou pesquisa por outros diagnósticos para excluir osteoporose secundária (ex: hipertireoidismo descompensado, hiperparatireoidismo, doença renal ou hepática).

Existem outros exames que sob determinados contextos clínicos podem ser necessários nos casos de osteoporose: HR-pQCT (Tomografia computadorizada quantitativa periférica de alta resolução), histomorfometria/biópsia óssea.

Na internet estão disponíveis ferramentas que auxiliam o médico a avaliar o risco de cada paciente. Clique para ter acesso à ferramenta de AVALIAÇÃO DO IOF e CALCULADORA FRAX.

11-               Como evitar a osteoporose?

A qualidade dos ossos é influenciada por diversos fatores. Em geral, para se ter ossos saudáveis recomenda-se:

  • Alimentação balanceada, em especial com bom aporte de cálcio e proteínas ao longo da vida
  • Atividade física regular
  • Exposição controlada ao sol
  • Evitar vícios (tabagismo, álcool)
  • Controle de doenças subjacentes (de tireoide, dos rins, do fígado, artrites, Lúpus)
  • Detecção e tratamento precoces (na fase ainda de osteopenia, ou antes da instalação de consequências e sequelas)
Um estilo de vida saudável
ajuda a evitar osteoporose

12-               Quem deve realizar exame de densitometria óssea?

Periodicamente, a depender da indicação médica, deve-se realizar o exame como rastreio para detecção e tratamento precoce. Indicações de densitometria óssea:

  • Mulheres após a menopausa ou acima de 65 anos
  • Homens acima de 70 anos
  • Pacientes com necessidade de uso prolongado mesmo que temporário de glicocorticoides
  • Pacientes em tratamentos com supressão de hormônios sexuais (ex: câncer de mama, câncer de próstata)
  • Fratura prévia ou parente de 1º grau com fratura de fragilidade (de baixo impacto)

13-               Toda fratura é por osteoporose?

Em geral,  as fraturas por osteoporose ocorrem com baixo impacto, sem trauma associado, muitas vezes até espontaneamente (ex: a pessoa acha que fraturou porque teve queda, mas na verdade caiu porque o osso da bacia fraturou apenas por estar de pé ou caminhando). Ossos mais comuns de se fraturar por osteoporose:

  • Quadril/ bacia ou fêmur/ colo de fêmur
  • Vértebra (coluna)
  • Radio distal (punho)
  • Costelas
  • Úmero proximal (braço mais perto do ombro)
  • 2º metatarso (osso do pé)
  • Pelve

OBS: fraturas que ocorreram por acidentes, com alto impacto ou energia, mesmo sendo nesses locais precisam ser avaliadas se são por osteoporose ou não. Fraturas de crânio e de 5º metatarso no pé geralmente não são osteoporóticas.

Fraturas no colo do fêmur costumam ser devido a osteoporose
Fraturas na coluna vertebral costumam ser devido a osteoporose

14-               Como é o tratamento da osteoporose?

O tratamento da osteoporose necessita de 4 medidas:

  1. Aporte adequado de cálcio (seja por alimentos ricos em cálcio, como laticínios, seja por suplementação quando indicada)
  2. Níveis adequados de vitamina D (nem baixos, nem altos demais- ATENÇÃO: em excesso podem ocorrem complicações!)
  3. Atividade física regular (a ser avaliada e adequada a cada caso em particular)
  4. Medicações (via oral ou injetáveis) para bloquear a perda de massa óssea ou promover seu aumento

Com o tratamento e acompanhamento adequados, em especial o quanto antes se detectar e tratar, se reduzem as chances de fraturas e complicações, proporcionando uma vida normal e saudável para os pacientes!

15-  O que mais se pode fazer para evitar as fraturas e suas complicações?

Evitar QUEDAS é fundamental para idosos em geral, e mais ainda, para quem tem osteopenia ou osteoporose.

Algumas medidas para evitar quedas:

  1.  Ambiente Seguro em Casa:
  • Remover tapetes soltos, fios espalhados e móveis de centro.
  • Instalar corrimãos em escadas e barras de apoio em banheiros.
  • Garantir boa iluminação em todas as áreas da casa.
  • Cuidado especial com degraus
  • Cuidado com animais pequenos que possam passar na frente e fazer tropeçar

2- Manutenção da Atividade Física:

  • Realizar exercícios de fortalecimento muscular e equilíbrio, como tai chi ou fisioterapia.

3- Uso de Calçados Adequados:

  • Usar sapatos com solas antiderrapantes e que ofereçam bom suporte e bem presos aos pés.

4- Revisão de Medicamentos:

  • Consultar um médico para revisar medicamentos que possam causar tontura, perda de equilíbrio ou sonolência.

5- Auxílios de Mobilidade:

  • Utilizar bengalas ou andadores, se necessário.

6- Controle de Visão e Audição

  • Realizar exames regulares de visão e audição e usar óculos ou aparelhos auditivos adequados.

FONTES:

Sociedade Brasileira de Reumatologia

International Osteoporosis Fundation

ABRASSO- Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo

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